Algumas feministas podem até criticar o livro, alegando que o personagem principal da trama é machista, dominador e deseja controlar a mocinha. Mas não é este o ponto que quero abordar aqui. Em relação a desejo e fantasias sexuais, a trama nos ajuda a repensar tabus...
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A maioria das mulheres não foram ensinadas a buscar estímulos eróticos. Não aprendemos a valorizar nossa sexualidade como os homens aprendem, ao longo da vida. Quantas vezes, acreditamos que o prazer não é tão importante para nós. Que "mulher não precisa tanto disso"...
A construção da sexualidade feminina reprimida é histórica e resulta de múltiplos fatores socio-culturais. É na nossa cultura que a mulher aprende diversas restrições ao sexo. E fica difícil, mesmo, acreditar nas nossas potencialidades. E aí, uma mulher que tenha muitas experiências sexuais frequentemente é rotulada ou sente que tem alguma coisa de errado com ela. E não é fácil jogar todo esse aprendizado fora.
O fato é que não conhecemos nossa sexualidade. E nos ensinaram inúmeros limites ao prazer: "tira a mão daí, "vagina é suja, menina!"...
Mas o que esse livro fez foi mostrar que a imaginação pode ser muito prazerosa e que a fantasia pode ser experimentada livremente, sem tabus. Muita gente conseguiu se ver no lugar que aquela mulher estava e se surpreendeu. Porque sim, também gostamos de sentir prazer, de explorar fantasias!!! Talvez se fôssemos expostas a estímulos como este tipo de literatura desde a adolescência tivéssemos, sim, o mesmo interesse e busca pelo erótico que vemos no comportamento masculino.
O que será que estamos perdendo?
Dra Nathalie Raibolt Ginecologista, especialista em Patologia Cervical e Vulvar CRM 5288532-0
www.facebook.com/dranathalieraibolt
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